quarta-feira, 20 de julho de 2011

Entre Kabanas...

Quando menos espera, a gente confirma que o sonho é mesmo combustível pra tudo nessa vida!

Entre os quilômetros dos meus diferentes lares, encontrei de novo essa Kabana que me foi abrigo.

O abraço dos mestres valeu a noite e a viagem, valeu o coração transbordando por todos os poros, na volta do espetáculo. Fui ao Conto da Ilha Desconhecida achar um cantinho bem conhecido dos meus sonhos de outrora. Fui aí encontrá-los e reencontrar meus 15 anos que, mesmo pertinho, às vezes parecem distantes!! E descobrir o quanto cada dia naquela semana marcou a minha vida pra sempre...

Lá onde eu aprendi a andar na corda bamba de dupla, a improvisar em grupo. Onde eu descobrir que se se tem dupla ou grupo, fica muito mais possível andar nas cordas bambas da vida, improvisar pontes nos caminhos falhos e desfiladeiros. Lá onde a gente podia tocar sem desespero, abraçar sem obrigação.

Ainda era tempo de inglês e colégio, e na feia galeria monhangara, o teatro me ensinava a respirar. A gente fazia malabares, ocupava o espaço, criava cenas, virava palhaço, caía de monociclo... E vocês tiravam magia das caixas, dos bolsos, dos chapéus e botavam magia boca afora. O teatro ensinava coisas amargas como queda da corda bamba, erro de texto, camarim fedido e gosto de querosene: mas isso é memória forçada, não é memória sentida. O que eu lembro da queda é que ela podia virar cena, é de mãos e falas que seguram; do texto errado, gargalhadas e improvisos; do camarim fedido, alguma peripécia pra fugir e do gosto da querosene... o sucesso de cuspir fogo era de um sabor inenarrável, muito mais forte!

E ainda hoje, quantos não acreditam que a minha Literatura e o meu caminho só foram possíveis depois do teatro. Que o teatro era o meu xururuca, um meu pezinho de laranja lima junto com as histórias ouvidas.

A flor de hoje é especialmente para a Nélida e o Mauro, para a Nazza e a Trupe Pitaco que ficaram lá na minha terra (e espalhados por aí também) com um pedaço lindo do meu coração.

Que me ensinaram uma mágica maravilhosa: coração quando divide, cresce

domingo, 10 de julho de 2011

"O poeta é um fingidor/finge tão completamente..."


 - Tiiaa, eu tô com medo! Quero parar

- Calma, ó. Faz de conta que tem um castelo bem bonito no final da ponte. Olha só pro castelo e concentra! Você não é uma princesa?

(Era, por isso continuou) Mas, cinco passos depois...

- Chega, tia, eu quero descer. O castelo tá longe!

E o outro, lá debaixo:

 - E como é esse castelo seu, menina?

Ela olhou pra frente e desistiu de descer. A ponte terminava em um escorregador, e ela voou pro portão assim que acabou de escorregar, os olhinhos brilhando mais que sol de meio-dia:

 - Tia! Vou contar pra minha mãe que venci esse medo.
(E não é que tinha mesmo um baita dum castelo no fim da ponte?)